Cotidiano

Médicos estão usando morfina em casos graves de varíola dos macacos

A varíola dos macacos (que em breve deixará de ser chamada assim) continua sendo um grande desafio clínico para médicos ao redor do mundo. A doença tem avançado rapidamente e, embora sua taxa de mortalidade seja baixa, ela gera desconforto e transtornos aos infectados. Em casos leves e moderados, a maioria dos pacientes pode fazer tratamento oral em casa, sem necessariamente depender de internações. No entanto, em casos mais graves da infecção, os médicos tem sido desafiados e chegado a usar opioides no tratamento para controle da dor.

A doença esbarra em dificuldades que o mundo já viveu com a covid-19, por exemplo: falta de remédios específicos. Com isso, o que se observa é uma evolução do quadro que independe do que o paciente tome ou deixe de tomar. Ou seja, os remédios podem administrar os sintomas, mas o curso que a infecção toma é o mesmo e não existe nenhuma medicação que seja capaz de encurtar ou interromper as etapas.

E nesse aspecto os médicos tem observado um problema difícil de administrar que é a dor. Em casos graves da doença, a dor descrita pelos pacientes é insuportável. Nesses casos, o uso de analgésicos comuns não estão sendo suficientes para conter a dor. Isso gera um quadro de desconforto interminável ao paciente, que vai precisar enfrentar dias da infecção até que o sistema imunológico seja capaz de combate-la. Nesses casos, e apenas nesses casos, os médicos já estão ministrando medicamentos da classe dos opioides, como morfina, codeína e tramadol.

O uso desses medicamentos tem sido uma das únicas opções para administrar a dor dos pacientes com a doença, mas exige muito cuidado. Essa classe de medicamentos é associada a muitos efeitos colaterais e deve ser administrada de forma responsável, não à toa seu uso é geralmente restrito ao ambiente hospitalar. Os problemas que envolvem os opioides são muitos, como por exemplo a constipação intestinal (conhecida popularmente como “intestino preso”). Mas não param por aí, os problemas podem ser ainda mais graves se o uso for contínuo.

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Nos Estados Unidos, por exemplo, não é novidade que existe uma epidemia de dependência química iniciada pela prescrição desenfreada de opioides. O problema no país se tornou tão grande que hoje existem especialistas tentando combater a prescrição da droga. É claro que esse cenário não é nem próximo da realidade brasileira, mas o uso do medicamento exige cuidado e um paciente informado é parte desse cuidado.

A varíola dos macacos causa sintomas comuns de infecção, como febre, dores e mal-estar geral, mas é caracterizada pelas feridas que surgem na pele. Semelhantes a bolhas que se rompem, essas feridas são extremamente dolorosas. Um paciente que teve a doença, identificado como  João Pinheiro, de 31 anos, descreve a dor que sentiu como  “ter cacos de vidro espalhados pela boca e um alicate apertando“. “Você não consegue pensar em mais nada, não tem dignidade, não tem energia. É só dor“, completou. João precisou ser internado e fez uso de morfina por três dias, depois teve alta e continuou o tratamento em casa.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]