Ciências

Mudanças climáticas podem tornar plantações tóxicas

Pesquisas recentes sugerem que as mudanças do clima ajudam a liberar toxinas nas plantações de alguns alimentos.

Estudos comprovaram que a seca prolongada, seguida de chuvas extremas, pode causar o acúmulo de toxinas em algumas plantações de alimentos. Esses cultivos estariam correndo o risco de ficarem contaminados por substâncias tóxicas por causa da concentração de produtos químicos perigosos.

Uma pesquisa recente divulgou que os eventos climáticos extremos podem aumentar a toxicidade de algumas culturas alimentares. De acordo com os pesquisadores do Programa Ambiental das Nações Unidas, as plantações que correm mais risco de ficarem tóxicas são as de trigo e milho.

A boa notícia é que estas toxinas têm um impacto negativo sobre os seres humanos apenas se os alimentos contaminados forem consumidos por um longo tempo.

Segundo Jacqueline McGlade, coautora do estudo, as culturas respondem à seca e ao aumento das temperaturas assim como os animais e os seres humanos fazem. Em condições específicas, essas plantações podem quebrar nitratos no solo e transformá-los em proteínas e aminoácidos. Em longos anos de seca, esta conversão pode fazer com que as plantas se tornem carregadas de nitratos, que são tóxicos para o corpo humano.

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Os nitratos dificultam a capacidade dos glóbulos vermelhos do sangue de transportar o oxigênio para as células e tecidos, fato que prejudica a saúde humana.

Risco para o estoque mundial de alimentos

Ainda de acordo com o estudo, milho e trigo não são as únicas culturas que podem ser afetadas por eventos climáticos extremos. Soja, cevada e outros alimentos também estão em risco.

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Além disso, se após uma seca prolongada as plantas forem atingidas por uma forte precipitação, elas tendem a se desenvolver muito rapidamente e acumular grandes quantidades de cianeto de hidrogênio. O composto químico pode perturbar o fluxo de oxigênio dentro do corpo humano e provocar efeitos negativos ao longo da vida, mesmo depois de uma curta exposição.

As culturas que são mais propensas a acumularem cianeto de hidrogênio em seus tecidos são o milho, o linho e a mandioca. Cientistas informaram que já houve casos de intoxicação com ambos os compostos químicos na África e Filipinas.

Na África, duas crianças quenianas morreram por causa do envenenamento depois de consumirem o cianeto de hidrogênio proveniente da mandioca. Os pesquisadores acreditam que o alimento se tornou tóxico depois de eventos extremos de chuva durante o verão africano.

As plantações contaminadas também podem provocar danos ao fígado, cegueira e câncer, além de agirem para retardar o crescimento dos bebês dentro do útero materno. A ONU estima que o estoque de alimentos de 4,5 bilhões de pessoas no mundo esteja correndo risco de contaminação.

Via Dispatchreview.

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