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Os mistérios da síndrome do sotaque estrangeiro

Em casos raros, pessoas com danos cerebrais ou distúrbios psiquiátricos podem ter uma mudança surpreendente em seu sotaque e tom de voz. Entenda a síndrome do sotaque estrangeiro!

Em casos raros, pessoas com danos cerebrais ou distúrbios psiquiátricos podem ter uma mudança surpreendente em seu sotaque e tom de voz.

Parece absurdo, mas isso pode realmente acontecer e na medicina é chamado a síndrome do sotaque estrangeiro, uma condição neurológica real. Neste artigo você poderá desvendar os mistérios que rodeiam essa estranha síndrome.

Contexto Histórico

Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, uma norueguesa chamada Astrid L., foi atingida por estilhaços durante um ataque.

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Dois anos depois, ela conheceu o neurologista Georg Herman Monrad-Krohn, que imediatamente notou que, apesar de seu bom norueguês, ela tinha “um sotaque estrangeiro tão pronunciado que ele achava que ela era alemã ou francesa “, declarou o médico.

Astrid não é o primeiro caso registrado de “síndrome de sotaque estrangeiro”, que seria de um parisiense que desenvolveu um sotaque da Alsácia após um derrame cerebral em 1907, mas seu estudo de caso tem o mérito de ser particularmente detalhado.

Monrad-Krohn chamou seu estado de “disprosódia”, a prosódia com os elementos da linguagem, não apenas palavras, entonação, ritmo e acentuação. Astrid sempre teve uma prosódia, mas seu discurso não era monótono, era diferente do de um norueguês padrão.

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O termo “síndrome do sotaque estrangeiro” foi cunhado em 1982 pelo neurologista Harry Whitaker. É um estado raro, mas interessante.

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Neurogênico ou psicogênico?

Existem dois tipos diferentes de síndrome de sotaque estrangeiro, neurogênico para o primeiro, psicogênico para o segundo.

A síndrome do sotaque neurogênico é a mais comum e ocorre depois que o cérebro foi lesado por um derrame ou lesão cerebral.

A ligação entre danos cerebrais e fala prejudicada ainda não foi formalmente explicada, mas está frequentemente localizada na artéria cerebral média e nas regiões cerebrais associadas à linguagem, particularmente no hemisfério esquerdo.

A síndrome do sotaque psicogênico, não há deterioração identificável do cérebro, mas a pessoa apresenta distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia, transtorno bipolar ou transtorno de conversão.

Nesse caso, o novo sotaque persiste durante o episódio psiquiátrico e pode desaparecer.

Há também uma síndrome de sotaque estrangeiro misto, que pode, portanto, ter as características de ambos.

Sintomas e Tratamento

A síndrome se manifesta de várias maneiras. Podemos notar mudanças em diferentes aspectos da prosódia.

Além disso, pessoas podem ouvir os sotaques da mesma pessoa de forma diferente (lembre-se de Monrad-Krohn, que descobriu que o sotaque de Astrid soava “alemão ou francês”).

Os pacientes com esta condição, também podem ter dificuldade em formar sentenças ou podem enfatizar a palavra ou sílaba errada.

Em alguns casos, o impacto da disfunção neurológica é tão forte que também pode desencadear sérios problemas de identidade, para contrabalançar a síndrome do sotaque estrangeiro que atualmente não tem cura, os médicos prescrevem drogas psicotrópicas e sessões de fonoaudiologia.

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