Ciências

Pela segunda vez na história, paciente se cura da HIV sozinho

Todo mundo já passou por uma situação em que se sentiu um pouco mal, mas confiou em seu sistema imunológico para lidar com o problema. Fazemos isso com muita frequência, justamente porque o corpo humano tem mecanismos para lidar com infecções. No entanto, alguns casos mais graves e delicados são um desafio e geralmente exigem um tratamento mais específico.

Vírus e bactérias são um desafio ao corpo humano, mas muitos deles são vulneráveis o suficiente para que nosso sistema de defesa seja capaz de rebater. No entanto, existem infecções que exigem medicação, do contrário podem levar a morte. O HIV é um vírus muito delicado e que segue impondo desafios à ciência até hoje.

O HIV tem a capacidade de se esconder do sistema imunológico e dos tratamentos, nos chamados “reservatórios virais”. Na maioria dos casos, os infectados acabam sendo obrigados a fazer tratamento pelo resto de suas vidas. Isso porque, embora os tratamentos hoje sejam muito mais eficazes e seguros, o vírus dificilmente é expelido do corpo humano. Os tratamentos antivirais consistem basicamente em abaixar a carga viral o suficiente para que ela não faça mal ao paciente e também se torne intransmissível – o que devolve a qualidade de vida do paciente, melhorando sua vida sexual

Após décadas desde a identificação do vírus, a literatura médica acumula algumas vitórias. Existem dois casos reportados como pacientes curados, ambos fizeram tratamento com células tronco. Existe ainda um terceiro caso de cura, mas que ainda esta sendo analisado por estudos e não foi registrado detalhadamente. No entanto, no ano passado, um caso reportado causou espanto em toda a comunidade médica.

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Sistema imunológico excepcional

Um paciente, conhecido como “paciente São Francisco”, foi capaz de eliminar totalmente o vírus do corpo e de forma totalmente individual. Ele não foi submetido a nenhum tratamento específico para isso, mas foi capaz de eliminar o vírus graças ao seu próprio sistema imunológico. O caso causou uma onda de estudos e gerou muito interesse científico.

Segundo um artigo publicado no Annals of Internal Medicine, este caso não foi um mero erro de documentação ou um caso isolado. Confirmando essa tese, em 2021, um novo caso foi registrado. Mais uma vez, um paciente foi capaz de eliminar o vírus sem nenhum tratamento específico para isso. O paciente conseguiu eliminar a “reserva” viral sozinho, mais uma vez, graças ao seu sistema imunológico.

Segundo artigos, a paciente tem 30 anos e foi contaminada pelo próprio marido, que morreu de AIDS. A paciente, que foi batizada de Paciente Esparenza, se submeteu ao tratamento anti-viral durante a gravidez e interrompeu o tratamento logo depois. O caso foi estudado pelo Dr. Xu Yu do Hospital Geral de Massachusetts e co-autores. O grupo revisou mais de um bilhão de células sanguíneas da paciente, além de 500 milhões de células de tecido.

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O que os pesquisadores concluíram é que o primeiro diagnóstico de HIV não foi equivocado, isto é, a paciente realmente havia se infectado. No entanto, por meio de seu próprio sistema imunológico, foi capaz de eliminar o vírus. A eliminação do vírus é chamada de “cura esterilizante”. “Essas descobertas, especialmente com a identificação de um segundo caso, indicam que pode haver um caminho acionável para uma cura esterilizante para pessoas que não são capazes de fazer isso por conta própria“, Yu disse em um comunicado. No entanto, o artigo observa: “A ausência de evidência de pró-vírus do HIV-1 intacto em um grande número de células não é evidência de ausência de infecção do HIV-1. Uma cura esterilizante do HIV-1 nunca pode ser comprovada empiricamente“.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]