Cotidiano

SUS pode passar a distribuir remédio contra anemia falciforme

O Sistema Único de Saúde existe desde o fim da década de 80, instituído pela Constituição, e engloba uma série de serviços prestados ao país. Nem todo mundo tem conhecimento da extensão da atuação do SUS, que tem como princípio a defesa do acesso igualitário à saúde. Uma das atuações mais importantes do SUS, por exemplo, é na distribuição de medicamentos de alto custo e fundamentais no tratamento de doenças raras.

Um bom exemplo de como esse serviço funciona é a distribuição do imunomodulador Fumarato de Dimetila. Este é um medicamento que chega a custar R$6 mil na rede privada, sendo recomendado para alguns quadros de esclerose múltipla. Um medicamento deste custo não é acessível para todas as famílias; o problema é que a doença não escolhe pacientes e pode atingir a qualquer pessoa, independente das condições financeiras. Quem tem falado abertamente sobre o assunto, por exemplo, é a atriz Guta Stresser. Ela, que deu vida a “Bebel”, em “A Grande Família”, teve recentemente o diagnóstico de esclerose múltipla e adquire o medicamento pelo SUS.

Estou super fechada com a farmácia do SUS. Esse mecanismo de acesso a medicamentos funciona muito bem. Isso sem falar que o remédio que uso é bem caro e não dá para encontrar em todo lugar“, comentou recentemente em entrevista. As declarações da atriz ajudam a tornar mais conhecido esse serviço, mas é apenas um exemplo. Atualmente, por exemplo, existe uma discussão sobre a adição do crizanlizumabe ao catálogo de medicamentos distribuídos pelo SUS (Rename).

O medicamento é indicado no tratamento de anemia falciforme, em pacientes com mais de 16 anos. O assunto foi colocado em debate nesta terça-feira pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. A discussão foi proposta pelo deputado Ossesio Silva (Republicanos-PE), que destacou alguns dados importantes sobre o medicamento e sobre a doença.

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Para se ter ideia, como ressalta o site da Câmara, hoje existem cerca de 50 à 100 mil pessoas diagnosticadas com a doença no Brasil. O medicamento foi recentemente aprovado pela Anvisa e chega a reduzir em 45% a ocorrência de crises de dor em pacientes com a doença. A anemia falciforme é uma doença que ainda desafia a medicina porque não existe cura. O paciente é obrigado a conviver com a doença e, em muitos casos, com as dores causadas pela falta de medicação específica.

A doença é hereditária, ou seja, só pode ser adquirida por meio de genética herdada dos pais. Em termos de cura, a única possibilidade  é  através de um transplante halogênico de medula óssea. No entanto, este não é um tratamento de amplo uso porque existem impedimentos, ou seja, critérios que o paciente precisa atender e, depois, encontrar algum doador compatível.

O tratamento da anemia falciforme depende do acompanhamento médico constante e consiste no uso de medicamentos “off-label”, uma vez que não existe ainda um remédio que seja específico contra a doença. Portanto, a liberação do crizanlizumabe pela Anvisa é um primeiro passo que representa esperança para portadores da doença que agora acompanham a discussão na Câmara.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]