Cotidiano

A crise de desabastecimento de ‘fórmula infantil’ para bebês nos EUA

Quem já teve bebê na família e enfrentou a falta de leite materno provavelmente sabe como funcionam as fórmulas infantis. Geralmente apresentadas em pó, essas substâncias são capazes de simular o leite materno, reduzindo os impactos da falta dele e proporcionando qualidade ao desenvolvimento do bebê. As autoridades em pediatria concordam que, se possível, o leite materno é sempre a melhor opção; mas, na falta dele, as fórmulas infantis são a melhor garantia de sobrevivência para bebês.

Explicada a importância dessa fórmula, é fácil entender porque famílias em várias regiões dos EUA estão preocupados. O produto tem faltado nas prateleiras de vários mercados e causado medo, afinal de contas, muitas famílias ficam sem opções se não puderem comprar a fórmula. Nesse cenário de desespero, é natural que algumas pessoas acabem tentando resolver a situação com medidas desesperadas. O problema é que algumas dessas medidas acabam sendo tão prejudiciais quanto a própria falta da fórmula.

Uma dessas medidas desesperadas que muitas famílias estão tomando, por exemplo, é tentar criar fórmulas caseiras. Rapidamente, a internet foi inundada de tutoriais e receitas de fórmulas caseiras. O problema é que recriar o leite artificial não é tão simples assim, muito pelo contrário. Oferecer o produto a crianças pode gerar prejuízo a saúde e o desenvolvimento dos bebês, o que tem gerado preocupação e alerta das autoridades em saúde do país.

O conteúdo que ensina a fazer “fórmula caseira” tem ganhado cada vez mais atenção em várias plataformas, como Tik Tok, Instagram, Facebook, Youtuber e outros. Embora as plataformas garantam que estão ativamente excluindo esse tipo de conteúdo, a velocidade com a qual os vídeos sobem é muito maior do que a velocidade com a que estão sendo excluídos. O resultado disso é que o conteúdo continua alcançando milhões de pessoas e expandindo a desinformação.

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O problema se tornou tão sério que a Food and Drug Administration (FDA), o equivalente a Anvisa no país, precisou emitir um alerta. “Muito cuidado deve ser dado à decisão de fazer fórmulas infantis em casa, e a segurança deve ser a principal preocupação (…) Os problemas potenciais associados a erros na seleção e combinação dos ingredientes da fórmula são muito sérios e variam de graves desequilíbrios nutricionais a produtos inseguros que podem prejudicar os bebês”, diz um comunicado. De forma ainda mais direta, a FDA emitiu um alerta desencorajando que famílias tentem recriar fórmulas caseiras.

A crise que o país enfrenta em relação ao produto tem muitas causas, inclusive globais; mas tudo se agravou quando a FDA determinou o recall de lotes das marcas Similac, Alimentum e EleCare, todas suspeitas de contaminação em fábrica. Além disso, o país é muito rigoroso quanto a importação desse produto, o que restringe o mercado local e reduz as alternativas. Somado a isso, os efeitos da pandemia ainda estão sendo sentidos. O resultado é catastrófico e, o que é ainda pior, é a sensação de que não existe uma alternativa de curto prazo que solucione o problema de forma definitiva, além do aumento da fabricação – que sofre com o desabastecimento de matéria prima.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]