Cotidiano

A emoção dos jogos eletrônicos pode por em risco adolescentes com problemas cardíacos

Se você já jogou video games alguma vez, provavelmente sabe que se trata de uma modalidade de jogo que, assim como as demais, pode causar um grande engajamento emocional. Isto é, durante a jogatina é possível desenvolver emoções muito fortes como frustração, paixão, raiva, apreensão, ansiedade… Tudo isso faz parte da experiência e seria justo dizer que qualquer jogador procura exatamente ter reações emocionais ao longo do jogo. Ninguém passa tempo com algo que não emociona de alguma forma, certo?

Em geral, nada disso é realmente preocupante e jogos eletrônicos são considerados seguros. No entanto, um estudo publicado na Heart Rhythm indica que a exposição à jogos eletrônicos, especialmente de guerra, pode ser um fator de risco para crianças e adolescentes com problemas cardíacos. O que o estudo observou é que a jogatina pode elevar a pressão arterial a um estágio em que a criança pode estar mais sujeita a sofrer um ataque cardíaco.

Os pesquisadores coletaram dados de crianças que tiveram arritmia comprovada durante um jogo e encontraram 21 casos únicos. Dos arquivos encontrados, 22 pacientes com idade entre 7 e 16 anos com arritmia durante jogos eletrônicos foram observados; desse número, 19 eram meninos. Do grupo, os pesquisadores encontraram um conjunto variado de sintomas como dores no peito até sintomas que ofereciam risco a vida – os pesquisadores confirmaram que 4 crianças morreram em decorrência da arritmia relacionada a jogos.

Do grupo avaliado, os pesquisadores se interessaram particularmente na incidência de problemas cardíacos já existentes. Isso porque apenas 7 crianças tinham diagnóstico de problemas cardíacos antes de sofrer arritmias durante a jogatina; outras 17 crianças tiveram a condição descoberta depois de sofrer mal-estar jogando jogos eletrônicos. Isto é, os pesquisadores acreditam na hipótese de que jogos eletrônicos podem servir de gatilho para expor problemas cardíacos que, até então, permaneciam silenciosos.

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O tipo de jogo também parece ter uma influência relevante na maneira como o problema se apresenta. Do grupo todo, oito pacientes estavam jogando jogos de guerra no momento em que sofreram os sintomas de arritmia. Uma observação ainda mais detalhada mostra que sete, dos oito, estavam em momentos de emoção intensa no momento do mal-estar, isto é, avançando de fase ou “morrendo” no jogo. A oitava criança estava disputando o controle com o irmão quando passou mal.

Alguns pontos do estudo chamam a atenção uma vez que as análises partiram de casos documentados. Os pesquisadores defendem que novas pesquisas devem ser desenvolvidas para que novos dados ainda mais claros sejam apresentados. Pela maneira como a pesquisa foi elaborada, os pesquisadores ressaltam que ainda não é possível confirmar ou descartar que a mesma relação aconteça entre adultos.

Outro ponto ressaltado pelos pesquisadores é a importância de se observar casos de desmaio durante jogatinas. Isso porque o desmaio durante um jogo eletrônico pode indicar a necessidade de exames para descartar problemas cardíacos. Ou seja, crianças e adolescentes que apresentam caso de desmaio enquanto jogam video game precisam ser avaliados clinicamente.

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Por fim, vale a pena ainda ressaltar que o estudo não sugere que os games possam gerar problemas cardíacos. Na realidade, o que é observado na análise feita pelos pesquisadores é que os jogos podem engatilhar condições cardíacas já existentes, não cria-las. Nesse caso, as fortes emoções durante a jogatina influenciam na pressão arterial, por exemplo, e isso pode desencadear um episódio de mal-estar que é consequência de um problema cardíaco que já existia.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]