A endometriose não é um assunto simples e quem sofre desta doença sabe o quanto pode ser doloroso. A doença se caracteriza por uma inflamação persistente no endométrio, que é a pele que reveste o útero. A menstruação é responsável por expelir essa pele, mas a endometriose impede esse processo porque esta pele não sai, mas volta no caminho inverso e se acumula nos ovários. Alojado ali, ou na cavidade abdominal, essa pele se multiplica, causando fortes dores e um processo em inflamatório.
A ginecologia – que é uma área especializada no trato do sistema reprodutor, que inclui os órgãos: útero, ovários, tubas uterinas, vagina e vulva – já tinha a confirmação de que a endometriose estava relacionada ao câncer de ovário, mas ainda não sabia como essa relação acontecia. Agora, um novo estudo, aponta uma relação genética entre os dois quadros. O novo estudo traz, não apenas uma explicação para a relação, mas também esperança de uma mudança no cenário de tratamento geral para a doença.
Para se entender o tamanho do problema, é preciso entender que, por exemplo, a endometriose é uma das doenças mais difíceis de diagnosticar. Os sintomas que apontam o problema são facilmente confundidos com uma série de outros problemas, o que leva a uma investigação de outras doenças que acaba levando os médicos a ignorarem a possibilidade da doença. Em alguns países, como nos EUA, por exemplo, o diagnóstico de endometriose pode levar até 7 anos. No Brasil, essa informação não foi encontrada.
O novo estudo foi publicado no Cell Reports Medicine e traz informações que podem ser cruciais. Segundo o estudo aponta, o câncer de ovário e a endometriose “compartilha características com o câncer, incluindo comportamento metastático, invasão de tecidos, proliferação, angiogênese [formação de vasos sanguíneos] e diminuição da apoptose [morte celular normal]”. Para garantir que os padrões não eram aleatórios, os estudiosos tiveram como alvo uma grande amostra de pacientes. Foram estudados os genomas de 25.000 pacientes com câncer de ovário e 15.000 pessoas com endometriose.
“Nossa pesquisa mostra que indivíduos portadores de certos marcadores genéticos que os predispõem a ter endometriose também têm um risco maior de certos subtipos de câncer de ovário epitelial, ou seja, câncer de ovário de células claras e endometrioide”, disse a principal autora do estudo, Sally Mortlock, da Universidade de Queensland. declaração.
Uma das coisas que a pesquisa revelou é que o aumento para o risco de câncer acontece em apenas alguns tipos. A endometriose aumenta de 1 em cada 76, para 1 em cada 55, o risco de uma paciente com endometriose desenvolver também câncer. A relação entre as duas doenças pode abrir portas para novos tratamentos, mas ainda é cedo para cravar essa possibilidade. Novos estudos precisam ser desenvolvidos para que essa relação seja ainda mais esmiuçada. A relação entre as doenças é um dos pontos que contribui para a ansiedade das pacientes que sofrem de endometriose, afinal de contas o medo acaba abrindo espaço para essa angústia, que não contribui positivamente para a evolução do quadro. Novos estudos trazem esperança para novas possibilidades.
