Ciências

Espanha libera uso ‘off-label’ de vacina contra ‘varíola do macaco’

O avanço do número de casos da ‘Varíola do Macaco’ tem ligado alerta em muitos países, especialmente na Europa. A doença não é nova, já que já vinha sendo considerada endêmica em vários países africanos, mas tem sido um desafio novo para países fora do continente, que geralmente não registravam um numero expressivo de casos. A onda de contaminações tem sido um desafio que causa espanto e alerta, sendo muitas vezes motivo de pânico, uma vez que existe um medo coletivo de que o mundo enfrente uma nova pandemia pós-covid.

A Espanha é um dos países que tem assistido um número cada vez maior de diagnósticos da doença, com 233 casos. O país tomou uma decisão emergencial diante do aumento de casos, mesma decisão tomada pela Alemanha, que já soma 133 casos. Ambos os países decidiram aprovar o uso emergencial da vacina contra a doença, com a determinação de uma série de restrições, uma vez que a vacina não esta sendo oferecida ao público geral.

No caso da Espanha, o Ministério da Saúde já divulgou as normas da vacinação. Terão acesso as doses os indivíduos que tiverem contato com a doença, isto é, com pessoas positivadas. A princípio, o país receberá apenas 200 doses da vacina e, por isso, esta tendo que determinar regras restritas de aplicação. A vacina, portanto, será aplicada em pessoas consideradas de risco por exposição. Na Alemanha, as diretrizes são parecidas, incluindo pessoas do “grupo de risco” e indivíduos que tiveram contato com a doença.

Ambos os países encomendaram doses da Imvanex, que foi desenvolvida pela dinamarquesa Bavarian Nordic. A grande questão por trás da vacina é que seu desenvolvimento não foi voltado para a varíola do macaco, mas para a varíola “normal”. Acontece que, no período de testes, a vacina se mostrou pouco eficaz contra o vírus da varíola e mais eficaz contra a varíola do macaco. Por conta desse detalhe, a vacina é considerada “off-label”, embora seus testes apontem que se trata de um imunizante seguro.

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No caso da Espanha, as autoridades em saúde acreditam que uma vacinação em massa “pré-exposição” não se faz tão necessária nesse momento. “A vacinação pré-exposição não é recomendada neste momento, embora possa ser recomendada posteriormente, dependendo da evolução do surto e da disponibilidade de vacinas”, declarou o ministro da saúde. Como deixa claro o ministro, os pesquisadores continuam observando a evolução dos casos e tudo pode mudar dentro das próximas semanas.

A Varíola do Macaco é um desafio clínico porque não existe tratamento específico contra a doença. Não existem remédios ou vacinas específicas (nem mesmo a Imvanex que, como explicado, não foi desenvolvida para este fim), o que torna o enfrentamento clínico bastante limitado. Segundo a OMS, a vacinação contra a Varíola (que muitos países possuem em seus calendários, como o Brasil) já representa um grande aliado contra a doença, uma vez que os vírus compartilham uma estrutura semelhante. A vacinação contra a Varíola não imuniza contra a Varíola do Macaco, mas contribui para a formação de uma barreira contra a doença.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]