Ciências

Fotografia sem câmera

O Fotógrafo Sem Câmera
Muitos de vocês desejam se entregar à arte da fotografia, mas que não possuem uma câmara fotográfica, encontrarão, nesta página, a solução do seu problema. Conseguirão, executar interessantes fotografias sem servirem-se do aparelho necessário.

O nosso material será o seguinte: uma chapa de vidro de 10 x 12 cm, um pedaço de papelão das mesmas dimensões, uma pequena bacia, dois elásticos um tanto largos, uma folha de papel autovirante e um pouco de hipossulfito. Não se assustem, não precisaremos ir a um laboratório de experiências nucleares para conseguir os dois últimos elementos: bastará adquirí-los, por alguns centavos, em qualquer estabelecimento do gênero. Pediremos um pacote de papel autovirante (bastarão uns cinquenta, para fotos pequenas) e algumas centenas de gramas de hipossulfito, substância muito parecida com o sal de cozinha. Para ficarmos sabendo algo sobre a especial propriedade do papel adquirido, cortemos logo um um quadradinho e, segurando-o firme entre dois dedos, esponhamo-lo, do lado brilhante, à viva luz solar. Veremos, então que ele escurece aos poucos, até tornar-se preto, mas afastando os dedos, percebemos que, onde estavam apoiados estes, o papel permaneceu claro. Compreendemos, assim, que interpondo um objeto qualquer entre a luz e o papel autovirante, este fotografará o objeto. a este ponto, um rapaz inteligente objetará que, uma vez retirado do papel o objeto fotografado, a luz lhe cancelará, em breve tempo, todas as partes das folhas que ficaram em branco. Certo: mas isto aconteceria se nós não afastássemos logo da luz viva a nossa foto e não a mergulhássemos numa baciazinha de água e hipossulfito, que a “fixará” duradouramente, tornando-a insensível a qualquer outra exposição à luz.

Experimentemos, pois, fotografar uma folha qualquer, mesmo amassada. Apoiamo-la no pedaço de papel autovirante e, para que adira bem, não deixando filtrar a luz, fechemo-la entre o papelão e o vidro e apertemos o todos com dois elásticos (ver gravura). Depois, exponhamo-la à luz, até que notemos um enegrecimento total do papel. Retirando, então, o nosso modelo, ele nos surgirá reproduzindo em todas as suas ramificações e poderemos imergir, logo, a foto na pequena bacia onde já dissolvemos, duas colherinhas de hipossulfito.

Neste ponto, podemos ir descansar, porque o hipossulfito trabalha sozinho; mas a curiosidade nos deterá, para observarmos o que acontece na bacia, e isso valerá a pena: a nossa fotografia mudará lentamente de cor, tornando-se vermelha e, depois, novamente negra. Transcorridos os dez minutos, retira-la-emos do banho de hipossulfito e a mergulharemos noutra bacia, debaixo da torneira aberta, de modo que a água, escorrendo, ali se renove continuamente a agite, de modo perfeito, a fotografia, para que desapareça qualquer vestígio de hipossulfito.

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Esta operação de lavagem deve durar algumas horas, para garantir o bom e durável êxito do nosso trabalho. Depois, não nos admiremos se tivermos nas mãos uma fotografia colante e meio amarrotada; enxuga-la-emos, conservando-a pendurada a um fio, por um canto, mediante um grampo de prender roupa. Finalmente, cortaremos as beiradas segundo nosso gosto, eliminando os sinais claros, deixados pelos elásticos.

Examinemos, agora, juntos, amigos cybernautas, as infinitas possibilidades que este processo nos oferece. Fotografando todas as folhas que temos em nosso poder e escrevendo junto a cada uma o nome, fazemos um belíssimo e incomum herbário, que terá a vantagem de nunca se deteriorar e isso sem qualquer cuidado especial de nossa parte. Passaremos, depois a fotografar borboletas de todas as espécies e grandezas; contentaremos a irmãzinha ou o irmãozinho, que desejarão a foto de sua mãozinha aberta e, finalmente, nos dedicaremos à reprodução de ilustrações e de reais fotografias. Neste último campo, eu lhes garanto, podemos variar muito e satisfazer nosso desejo com brilhante prazer.

Servir-nos-emos de ilustrações e até desenhos em cores, após havermos nos assegurado de que não trazem, no verso, caracteres de imprensa ou outras gravuras, e isso pelo evidente motivo de que também estes seriam reproduzidos, superpondo-se às figuras que desejamos fotografar. As fotografias normais, ao invés, para serem reproduzidas, não devem estar já “montadas” pelo fotógrafo sobre papelão, ou deverão ficar livres deste, pondo-as na água limpa. A propósito de fotografias, o habitual rapaz inteligente terá, ainda, algo para objetar. Nós já o sabemos, quer dizer-nos que, na sua fotografia, o papai sairá com todos os cabelos brancos e o rosto escuro. Realmente, fotografando as fotografias de pessoas, teremos que fazer duas “poses”, porque, com a primeira, obteremos somente um “negativo” (isto é, lhes aparecerá negro o que é branco) e, com a segunda exposição, para a qual executaremos o mesmo processo, obteremos, ao invés, um “positivo”, ou seja, uma fotografia naturalíssima. Podemos servir-nos de duas exposições, para fotografar qualquer assunto, desde que prefiramos reproduzir fielmente os claros-escuros, que, doutro lado, se mantidos em negativo, podem criar efeitos originais, decorativos. Conheço um rapaz que colou em seu álbum as fotografias positivas ao lado dos seus negativos e, confrontando-as bem de perto, nem sempre as primeiras pareciam preferíveis às segundas. De qualquer maneira, após um certo tempo, a experiência lhes sugerirá quando for necessária uma segunda exposição.

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E agora, caros amigos cybernautas, antes de nos lançarmos ao trabalho, consideremos mais uma interessante possibilidade: a de aposta, com seus amigos, que se mostrará certamente céticos, sobre nossa habilidade de fotógrafos sem câmara fotográfica e de ganhar a aposta, naturalmente.

Fonte:
http://netopedia.tripod.com/fazer/fotog.htm

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