Cotidiano

Pandemia afetou negativamente a aprendizagem da fala em crianças

Não é nenhum exagero dizer que os últimos dois anos tem sido totalmente estranhos e incomuns para todos nós. Não apenas no Brasil, mas em todo mundo, a covid-19 causou um impacto que seria difícil imaginar sem que estivéssemos vivendo. O vírus, novo e desconhecido pela ciência, obrigou a humanidade a se trancar dentro de casa e evitar contato com as pessoas ao seu redor, tudo no esforço conjunto de evitar contágios e, consequentemente, mortes.

É claro que nem todo mundo cumpriu o isolamento à risca, muitos porque não quiseram, outros porque não puderam. Mas fato é que, de um jeito ou de outro, a pandemia tem afetado as nossas vidas em todos os aspectos. Logo no começo da pandemia, especialistas da área da saúde mental já alertavam sobre os riscos que o isolamento poderia ter. O ser humano, como animal intrinsicamente social, sofre prejuízos incalculáveis ao permanecer em isolamento. Na época, se falava em epidemia de transtornos mentais, como ansiedade e depressão.

Uma outra área, no entanto, acabou sendo pouco ventilada nos grandes meios de comunicação. A pandemia, e as medidas sanitárias, também preocupam os profissionais dos cuidados pediátricos. Inclusive, a neuropediatria tem observado o que o a pandemia tem causado em crianças em período de desenvolvimento. Uma das preocupações, por exemplo, que tem sido de grande apreensão para pais em todo mundo, é o atraso na aquisição da fala.

Crianças dependem de estímulos para aprender a falar. A comunicação é inata ao ser humano, mas a fala e os idiomas não tanto. Se uma criança não é estimulada a aprender um idioma, ela não vai aprender. Quando se fala em idiomas nativos, o assunto é um pouco mais complexo, mas ainda assim depende de estímulo. Uma criança que convive em sociedade no Brasil, naturalmente vai aprender a falar português. No entanto, esse aprendizado pode ser lento.

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No contexto em que estamos inseridos, a fala depende não apenas do convívio familiar, mas também da troca de interações em escolas, creches, condomínio, na rua… As crianças são expostas ao idioma e aprendem a se comunicar a partir dele. Mas se as escolas estão fechadas e a brincadeira esta limitada aos portões de casa, como deve acontecer esses estímulo?

A fonoaudiologia mostra que a criança já começa a entender sinais e palavras a partir dos 8 meses de vida, mas só vai ser capaz de formular frases a partir de 1 ano e meio. Isso não significa que esse intervalo, entre os 8 meses e 1 ano e meio, é isento de desenvolvimento. A criança aprende não apenas com aquilo que escuta, mas com aquilo que vê. Observar interações humanas é fundamental para aprender sobre expressões faciais, gesticulação, aplicação das palavras.

Especialistas orientam, no entanto, que nem tudo é motivo para preocupação. Com o estímulo, as crianças são capazes de recuperar o “tempo perdido”. É importante estar atento a problemas que possam atrapalhar esse desenvolvimento. Se a criança apresenta dificuldade na mastigação, sucção, deglutição; ou se tem algum problema auditivo; ou, ainda, se parece preferir brincar sozinha e prefere gesticular ao invés de falar. Todos são sinais que devem ser observados para que a ajuda adequada seja procurada. Além disso, também é importante estar atento ao tempo que as crianças passam em frente a telas de celular e tablets.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]