Ciências

Pesquisadores encontraram isótopos radioativos da Guerra Fria em mel norte-americano

Entre o fim dos anos 40, e o começo dos anos 90, o mundo viveu sob ameaça da Guerra Fria. Foram anos que sucederam a Segunda Guerra Mundial e marcaram a hostilidade de duas grandes potências: Estados Unidos e a União Soviética. Ambos os conglomerados se lançaram na corrida por armas nucleares e os testes dessas armas, feitos em um volume até hoje difícil de definir, gera consequências ainda hoje.

Os cientistas já sabiam que uma quantidade de tóxicos ainda era sentida na terra, afinal de contas as armas explodiam no ar e se espalhavam por toda superfície que tocavam. Ainda assim, uma descoberta recente conseguiu desconcertar a todos. Testes identificaram o isótopo cesium-137 em produtos do cotidiano estadunidense, inclusive no mel.

Apesar de ser bastante surpreendente, o estudo também garantiu que a quantidade de cesium-137 no mel é inofensiva, então seu consumo continua liberado. No entanto, a descoberta serviu para alertar sobre o quão longo e largo é o alcance desse tipo de ação. Armas nucleares trazem danos de longevidade ainda desconhecida e esse estudo é um grande alerta.

A pesquisa em questão foi publicada na revista científica Nature Communications, liderada pelo cientista Kim Kaste. Ele, que é professor da Universidade William & Mary, na Virgínia, precisou falar sobre a pesquisa e tranquilizar as pessoas. “Não estou dizendo para que as pessoas não consumam mel, eu dou mel aos meus filhos”, explicou. Kaste ainda confessou que tem mais hábito de comer mel agora, depois de toda a pesquisa.

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COMO O ESTUDO FOI DESENVOLVIDO

É possível afirmar que o estudo foi desenvolvido quase que por acaso. Kaste era professor de uma turma de calouros na disciplina de Geologia 150: Poluição Radioativa. Antes de uma pausa nas aulas, ele decidiu desafiar seus alunos a levarem legumes plantados em solo da região onde moravam. Na volta das férias, cada aluno tinha um produto e então eles testaram para cesium.

A ideia de Kaste era demostrar o quão devastadores haviam sido os testes da Bomba H, realizado nos estados de Novo México, Nevada e Utah. A maioria dos produtos apresentou quantidades mínimas de cesium, mas um dos alunos levou mel de produtores locais, da Carolina do Norte, e o resultado foi impressionante.

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“Eu não conseguia acreditar, de verdade”, disse Kaste. “Eu medi novamente porque pensei que algo aconteceu com o contêiner ou meu detector estava maluco. Eu reproduzi a medição. E era, novamente, 100 vezes maior do que qualquer um desses outros alimentos. “ A descoberta deixou o professor impressionado, o levando a investigar o porquê. Kaste montou um time e começou a testar mel de todas as partes do país.

Ao todo, o time testou impressionantes 122 amostras de mel e 68 deles testaram positivo para cesium-137, em quantidades variáveis. Os estados de Florida, Georgia e Carolina do Sul se mostraram mais prováveis a ter isotopo radioativo no mel produzido localmente.

O estudo sugere que a maior concentração de cesium em algumas regiões tenha a ver justamente com as regiões onde mais armas nucleares foram testadas. Outra possível explicação esta na relação entre o isotopo e o potássio contido no solo.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]