Ao longo dos últimos anos, o mundo já havia vivido epidemias muito preocupantes e de tirar o sono. Foram os casos de Zika, Ebola e outros. No entanto, não havíamos vivido precedentes para o que a pandemia da covid-19 tem causado. No entanto, agora que passamos por ela, é seguro dizer que a população parece estar um pouco mais atenta para alertas sobre novos vírus. É este o caso do causador da Febre de Lassa, uma doença grave, mas que tem se mantido contida ao longo das últimas décadas.
Por que a doença voltou a ser assunto? O Reino Unido já havia confirmado, dias atrás, a suspeita de casos dentro de seu território. A princípio, três pessoas estavam sob suspeita da doença e sendo tratadas em hospitais do país. No último dia 11, no entanto, a Agência de Saúde do país confirmou a morte de um desses pacientes. O caso repercutiu mundo afora e criou um sentimento de preocupação em relação ao risco de um possível surto da doença.
O medo é justificável, especialmente porque a doença é uma das que segue sendo monitorada de perto pela OMS. O vírus que causa a doença é um dos que compõem a lista de atenção da Organização Mundial da Saúde e também esta na lista de incentivo à pesquisas da Organização. A Febre de Lassa é causada pelo vírus Lassa e causa preocupação porque se trata de uma doença hemorrágica. O Lassa se assemelha, em muitos aspectos, com o vírus Ebola – embora não seja tão letal ou infeccioso quanto o “primo”. Ainda assim, a doença pode causar graves complicações e levar à morte.
Os principais sintomas da doença incluem vômitos, náuseas, diarreia, fadiga, garganta inflamada, dor de cabeça e dores abdominais. A doença é comum em países da África Ocidental e, por lá, já possui o status de endemia – isto é, um vírus que demanda atenção da saúde, mas que já passou pela fase de surto. Apesar de possuir sintomas violentos e ser uma doença que inspira cuidados, a Febre de Lassa não possui uma taxa de mortalidade tão alta. Os pacientes, em geral, costumam se recuperar e o período de incubação do vírus gira em torno de 21 dias.
Para a OMS, o risco de uma pandemia da Febre de Lassa é considerado baixo nesse momento. O que realmente preocupa a agência é a possibilidade de mutação do vírus, o que poderia torna-lo mais letal e agressivo. A OMS apela para que pesquisadores se debrucem sobre o vírus, a fim de neutraliza-lo de forma eficiente. No entanto, as pesquisas esbarram em impedimentos financeiros. A exemplo do Ebola, a Febre de Lassa esta confinada na África, o que não atrai interesse de grandes farmacêuticas.
O problema, nesse cenário, é que o vírus precisaria se tornar mais letal e agressivo para receber atenção da ciência internacional, o que representa, em resumo, o risco de mortes que poderiam ser evitadas. Uma possível vacina contra a Febre de Lassa poderia representar a melhora considerável da qualidade de vida das populações desses países.