Uma coisa que todo mundo teve a chance de aprender com a pandemia da covid-19 é que os vírus e bactérias não são estáticos. Isto é, além de todos os vírus e bactérias que nós já conhecemos, também existe uma infinidade de vírus e bactérias das quais não temos nenhum conhecimento. Muitas delas, inclusive, com potencial mortal e destrutivo. Tendo isso em mente, o que estamos fazendo a respeito?
Pesquisadores de todo o mundo se dedicam ao controle dessas novas ameaças. Uma das especialidades que lidam diretamente com isso são os infectologistas. Estes são médicos responsáveis por monitorar doenças infecciosas e estudar os patógenos responsáveis por elas. No Japão, cientistas estão comemorando a descoberta de um desses novos patógenos.
Pode parecer estranho, mas é importante descobrir, sequenciar e compreender os novos patógenos. É apenas a partir desta descoberta que os cientistas se tornam capazes de estudar, criar remédios e vacinas. Mas que vírus é esse? Em 2014, o país começou a lidar com uma infecção misteriosa que afetava moradores especialmente de algumas áreas. A ilha de Hokkaido foi um dos pontos mais afetados, causando um esforço científico para entender do que se trata a infecção.
Após anos de estudos, os pesquisadores conseguiram identificar o vírus, batizado de Yezo, do gênero Orthonairovirus. Até o momento, não foram registradas mortes pelo vírus, mas os infectados apresentam sintomas desconfortáveis, como febre e fraqueza. A doença provoca uma queda de plaquetas e também glóbulos brancos. Agora, os médicos já sabem que o vírus vem de carrapatos e agora os médicos já avançam nos estudos.
O chefe do estudo, Keita Matsuno, explicou que a doença não matou até o momento. “Todos os casos de infecção do vírus Yezo que conhecemos até agora não se transformaram em fatalidades, mas é muito provável que a doença seja encontrada fora de Hokkaido, por isso precisamos investigar com urgência sua disseminação“, esclareceu.
Ainda não se sabe muito sobre o vírus, já que ele acabou de ser descoberto. Um artigo contendo detalhes sobre o patógeno foi publicado na revista Nature Communication. Segundo os dados, a infecção causa complicações semelhantes a outras duas doenças já registradas pela literatura médica: uma infecção registrada no Uzbequistão e outra, registrada na Romênia.
Outra preocupação dos cientistas, nesse momento, é entender a localização do vírus. Até agora, as infecções estão centralizadas na ilha de Hokkaido, mas os especialistas suspeitam ainda que o vírus já esteja presente em outras localidades. É importante agora fazer o traçado da movimentação do vírus, para saber onde ele esta localizado. O vírus é transmitido por carrapatos ao ser humano, depois que picam um animal infectado.
A descoberta permite que agora os cientistas se dediquem a pesquisar remédios e até vacinas. Embora não tenha se manifestado como uma ameaça mortal até o momento, o vírus gera apreensão. O mais difícil agora é entender a linhagem do vírus e qual o potencial de dano que ele pode atingir, além de demarcar as regiões onde ele já foi registrado até o momento e para onde pode se expandir.
