Ciências

Covid longa: estudo pode finalmente encerrar mistérios sobre suas causas

O novo coronavírus surgiu no final do ano de 2019 e, em meados de 2020, o mundo já estava sendo devastado pela covid-19. A doença se caracteriza por um processo inflamatório que desencadeia diversos sintomas e complicações. Por ser um vírus novo, que gera uma doença nova, pouco se sabia sobre o tema. Por muito tempo, os médicos não tinham informações sobre o que fazer, como tratar e curar a doença.

Atualmente, a ciência já avançou e hoje existem vacinas e até medicamentos contra a covid-19. Ainda assim, a doença continua com mistérios que desafiam a cientistas e médicos. Um desses mistérios, por exemplo, diz respeito a maneira como a doença se manifesta em diferentes organismos. O vírus não se comporta de uma maneira única em todo os casos, pelo contrário. Existem pessoas que contraem a o vírus, mas não manifestam sintomas; existem aqueles que tem apenas sintomas leves; por fim, existem aqueles que desenvolvem sintomas graves. Ainda assim, mesmo esse grupo, ainda se divide em outros grupos. Existem aqueles que tiveram sintomas graves mas se recuperaram em alguns dias, outros precisaram de semanas e, alguns, até meses.

Neste aspecto, os médicos também se impressionam com a chamada “covid-19 longa”. Este é o nome pelo qual um fenômeno muito peculiar vem sendo chamado. Existem pacientes que contraem a covid-19 e manifestam sintomas que persistem por várias semanas, mesmo depois de já terem “superado” a doença inicial. Esses pacientes podem experimentar uma ampla variedade de sintomas após a infecção original. Até pouco tempo, a medicina tinha poucas pistas do que poderia estar causando isso, mas tudo parece ter mudado.

Micro coágulos e moléculas inflamatórias aprisionadas

A descoberta foi publicada por um grupo de cientistas da Universidade de Stellenbosch, África do Sul, na revista Cardiovascular Diabetology. O estudo do grupo mostra que o sangue dos pacientes, que desenvolvem a “covid longa”, apresenta moléculas inflamatórias aprisionadas em micro coágulos. A descoberta pode colocar fim ao mistério por trás da sequela, que vinha recebendo diversas teorias até agora, mas nenhuma se confirmou em defitivo.

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A equipe descobriu que o sangue de pacientes com COVID-19 e pessoas que sofrem de COVID longo tinha micro coágulos que prendiam proteínas de coagulação inflamatórias vitais, como fibrinogênio, bem como proteína alfa (2) -antiplasmina (α2AP), que evita a quebra de coágulos de sangue. Em comparação com pessoas saudáveis, os níveis de α2AP foram quase oito vezes maiores em pacientes com COVID longo e mais de nove vezes maiores do que naqueles com COVID-19 agudo.

Uma das responsáveis por coordenar a pesquisa, a prestigiada professora Resia Pretorius, explicou ao The Guardian, em uma matéria de opinião, que nada disso pode ser observado em exames de sangue comuns. Para observar o descrito na pesquisa, a professora explica que foram necessárias análises em microscópios específicos. Esse equipamento não esta disponível em qualquer lugar e também tem um elevado custo de manuseio.

Essa é uma descoberta que pode mudar os rumos de como a covid longa vem sendo tratada até o momento. É claro que a pesquisa ainda precisa de mais dados e confirmação, antes de ser considerada uma teoria absoluta na medicina. Ainda assim, o caso revela o quanto o investimento em ciência gera resultados.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]