Ciências

Estudo aponta que restrições contra a covid podem ter tido eficácia para outra doença

Credit: Anastasia Shapiro, Israel Antiquities Authority

Vão fazer dois anos que o mundo, com raríssimas exceções, passou a viver sob restrições e recomendações radicais de distanciamento social. A maioria de nós esta usando máscaras, mais atenta a higiene das mãos, mais atenta a higiene das superfícies, evitando aglomerações e tomando cuidados. O objetivo de todas essas ações é um só: frear o avanço da covid-19. Mas e se essas mesmas medidas tiverem tido afetado outra doença também?

As restrições contra a covid-19, adotadas pela maioria dos governos do mundo, são recomendadas contra doenças virais respiratórias, a maioria delas. A covid, assim como outros vírus, se espalha pelo ar principalmente – embora também possa ser transmitida indiretamente pelo contato com superfícies contaminadas. Então, partindo dessa lógica, um “lockdown” mundial pode ter sido eficiente contra muitas das doenças respiratórias virais, certo? Ao que indica um novo estudo, sim.

O estudo foi publicado na Nature Reviews Microbiology e sugere que as medidas contra a covid-19 podem ter sido capazes de extinguir, pelo menos, duas linhagens inteiras da gripe. Por que isso é importante? A gripe pode parecer uma doença inofensiva, afinal de contas a maioria das pessoas já teve, ou vai ter. No entanto, não se pode esquecer que a gripe ainda é causada por um vírus que, assim como a Sars-Cov, tem sido capaz de evoluir e se transformar.

A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Melbourne e sugere, dentre várias coisas, que linhagens inteiras da gripe foram extintas. Mas não é só isso, o estudo aponta que linhagens sobreviventes da gripe foram estruturalmente afetadas. Isso é resultado das medidas contra a covid-19, que foram adotadas de forma global.

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A pandemia de SARS-CoV-2 viu uma redução global notável nos casos de influenza dos vírus A e B”, apresentam os responsáveis pela pesquisa. “Em particular, a linhagem B / Yamagata não foi isolada de abril de 2020 a agosto de 2021, sugerindo que esta linhagem de influenza pode ter se tornado extinta, o que pode fornecer oportunidades para melhorar a disponibilidade e eficácia das vacinas contra influenza.

Existem quatro tipos de vírus da gripe: A, B, C e D – embora, como humanos, realmente só precisemos nos preocupar com A e B, já que o tipo C geralmente causa apenas doenças leves e o tipo D infecta apenas gado. A gripe A, que muda rapidamente e é diversa, é o tipo que causa as pandemias. Os clados da influenza B – por exemplo, B / Yamagata – tendem a se limitar a surtos de gripe sazonal.

Apesar de os tipos de Influenza B evoluírem mais lentamente, os epidemiologistas ainda conseguem ver algumas dezenas de novos vírus se desenvolvendo por mês. Desde março de 2020, no entanto, nenhum vírus B / Yamagata foi detectado. Até mesmo certos vírus Influenza A foram reduzidos, com o número de detecções de vírus H1N1 (também conhecido como gripe suína) e H3N2 caindo uma ordem de magnitude ano após ano.

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É claro que isso não significa que não existe mais gripe ou que não devemos mais nos preocupar. Pelo contrário! Também é importante lembrar que este é um estudo local, que analisou dados locais. Sendo assim, embora seja uma descoberta incrível, ainda diz respeito apenas a uma área específica e precisa ser continuado em novas análises.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]