Ciências

IA encontra alterações no cérebro de pessoas autistas

O autismo esta sendo cada vez melhor compreendido pela ciência, pela medicina de forma geral. No entanto, ainda representa uma grande dificuldade que impõe limitações de diagnóstico, maior angústia para as famílias, dentre outros transtornos que poderiam ser evitados caso o problema já tivesse sido melhor decodificado. O autismo não é classificado como uma doença, mas um transtorno que precisa ser manejado de forma adequada. Se fala em “espectro” do transtorno autista justamente porque existem muitas formas de autismo e cada um exige um tratamento específico, o que torna os especialistas dessa área cada vez mais cobrados.

Quanto mais se tenta compreender o autismo, mais claro fica o fato de que é um assunto complexo. Não é à toa que as descobertas sobre o assunto são tão comemoradas. Um dos pontos básicos é, por exemplo, a dificuldade do diagnóstico. Os sinais de autismo podem ser muitos e se manifestar desde o nascimento, mas estes mesmos sinais podem representar outras condições clínicas. O diagnóstico de autismo é geralmente resultado de um longo período de investigação e observação, que nem sempre é tranquilo.

Por isso muitos cientistas se dedicam a esse tema, em tentar encurtar esse caminho longo que muitas vezes significa a angústia para todos os envolvidos. Nesse sentido, um passo importante pode ter sido dado graças a uma pesquisa conduzida por pesquisadores do departamento de Psicologia e Neurociência da Boston College, nos Estados Unidos.

A pesquisa foi capaz de encontrar alterações anatômicas no cérebro de pacientes autistas. As descobertas de uma extensa pesquisa foram publicadas na revista científica Science, uma das mais conhecidas e respeitadas da área. Segundo o artigo, os pesquisadores contaram com inteligência artificial para fazer uma análise comparativa entre resultados de ressonância magnética feitas por 1.103 voluntários com autismo. A partir das análises, os pesquisadores encontraram diferenças anatômicas no cérebro dos indivíduos. Esse tipo de descoberta é inédita no mundo.

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Descobrimos que diferentes pessoas com o transtorno do espectro do autismo (TEA) podem ter diferentes áreas cerebrais afetadas e, graças aos cérebros simulados por IA, conseguimos identificar quais regiões específicas do cérebro variam entre os indivíduos com TEA“, afirmou Aidas Aglinskas, pesquisador de pós-doutorado da instituição.

O cérebro humano é um mistério, ainda que muita coisa já tenha sido descoberta. O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um conceito relativamente novo, que engloba um grupo de condições que interferem no comportamento social, linguagem e comunicação, podendo configurar também limitações motoras e cognitivas, e diferentes funcionalidades. Claramente, o TEA engloba muitas condições e isso se reflete na anatomia cerebral dos indivíduos com autismo.

O estudo foi capaz de comprovar esta tese, mas também foi capaz de encontrar aspectos característicos do Autismo, comuns a todos. O desafio agora é provar essa tese para além do grupo de estudo e avançar com o uso de IA para melhorar o processo de diagnóstico.

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No momento, estamos focados na conectividade funcional – um indicador de como o cérebro está ‘conectado’. Uma grande questão é se isso nos mostrará algo novo sobre as diferenças individuais dentro do TEA. O objetivo desse tipo de trabalho é poder usar dados de imagens cerebrais para ajudar no desenvolvimento de abordagens personalizadas de saúde para pessoas com TEA“, explicou o pesquisador Stefano Anzellotti.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]