Ciências

Variante do HIV mais agressivo e transmissível é encontrada na Holanda

Em tempos de pandemia da covid-19, algumas expressões já se tornaram muito conhecidas. “Variante” é uma palavra que já passou a fazer parte do vocabulário cotidiano de todos nós, mas também é uma das palavras que menos gostamos. Esse é o termo usado para designar um vírus que já passou por mutação, possuindo uma base do vírus “base”, mas com alterações em sua composição genética. Para a covid-19, esse tem sido um assunto interminável e que causa preocupação. No entanto, este não é o único vírus que sofre esse tipo de processo.

Um novo estudo, publicado na prestigiada revista Science, destaca a identificação de uma variante do HIV. A variante não é exatamente nova, mas foi sequenciada pela primeira vez. Os pesquisadores acreditam que o vírus tenha surgido na Holanda, ainda entre as décadas de 1980 e 1990. Para chegar a esses resultados, os pesquisadores analisaram 100 amostras. Segundo as conclusões do estudo, essa é uma variante muito mais contagiosa e agressiva. A variante ganhou o nome de “variante VB”, em referência a “altamente virulenta”.

A equipe de pesquisadores era composta por cientistas da Universidade de Oxford, que apontaram muitas conclusões a respeito da variante. Segundo o estudo, a variante surgiu nas décadas de 80 e 90, se espalhou com força nos anos 2000 e, já nos anos 2010, passou a perder força. O estudo avaliou a sequência genética do vírus em 109 indivíduos, confirmando o contágio da variante VB. A maioria dos casos era oriunda exatamente da Holanda, mas um caso foi identificado na Bélgica, enquanto outro caso foi encontrado na Suíça.

Embora o estudo cause certa angústia por conta de suas descobertas, os autores pregam calma. Por e-mail ao jornal BBC, um dos maiores do mundo, o pesquisador Chris Wymant explicou que as descobertas do estudo não colocam o protocolo de HIV em risco. Isto é, mesmo contra a variante VB, o protocolo adotado internacionalmente contra a HIV é eficiente: testagem + tratamento, em caso de resultado positivo.

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Nesse aspecto, o estudo ainda trouxe mais uma notícia muito positiva. Acontece que a VB se mostrou mais agressiva, virulenta e transmissível, mas apenas em indivíduos que ainda não começaram o tratamento. Para aqueles que já estão realizando o tratamento, a variante não se mostra diferente de nenhuma das outras. Pelo contrário, o tratamento é eficaz também para casos de contágio pela variante VB, o que traz um sentimento muito forte de alívio.

“A descoberta dessa variante reforça a importância de orientações que já existem: que os indivíduos com risco de contrair o HIV tenham acesso a testes regulares, permitindo o diagnóstico precoce, seguido de tratamento imediato”, escreveu Wymant.

O HIV é um vírus que causou verdadeiras epidemias mundo à fora, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Em alguns casos, o indivíduo pode entrar em contato com o vírus e demorar para desenvolver a AIDS, mas sem tratamento a doença é fatal. Atualmente, estima-se que mais de 37 milhões de pessoas convivam com a HIV no mundo. Em tratamento, a carga viral é reduzida a um nível inofensivo no sangue, o que garante qualidade de vida ao paciente.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]